Esse texto é em especial para a minha amiga Dani Camerieri, porque a sua dor é a minha dor e você (Dani) sabe que eu conheço essa dor!
Essa dor da perda refere-se a alguém que sempre fez parte da sua vida e na verdade sempre fará, porque história não se apaga, mas... sempre pode ter um final feliz!
Texto – Parte 1:
DOR DA PERDA
É uma dor, que no princípio, é horrenda, injusta, intensa, muito tudo de ruim. Têm vários estágios, e começa com o estágio da incredulidade, porque é impossível que isso esteja acontecendo com você. Não agora, não que não se saiba perder ou que seremos imortais, nada disso, é porque agora? Porque comigo? Porque desse jeito? O que eu fiz? Não estou entendendo, volta um pouco às páginas dessa história, volta um pouco às cenas, perdi... perdi... me perdi... não estou acompanhando mais, melhor... para tudo que eu quero descer!
Daí você pergunta: - “Como assim não dá pra descer? Meu Deus do céu o que eu fiz para merecer isso? Deus está de mal de mim? Não dá pra descer mesmo? Aconteceu de verdade não estão mentindo pra mim?” - Talvez nunca tivesse desejado uma mentira como nessa hora, com essa dor, dor de ter te perdido.
- “Aiii como doí!”
E uma dor de desespero, que a gente acha que vai se perder junto com a ela, que é mais do que vontade de sair correndo gritando, é uma vontade de entrar em si mesmo, porque nessa hora a dor está tão no auge, que você sente dor até atrás das orelhas, nos cílios e nas sobrancelhas. Depois você fica frágil, fraca, impotente, e tudo que mais deseja e voltar para dentro da barriga da mãe, onde é quentinho, ninguém pode te tocar, porque você está tão frágil que se tocarem em um fio de cabelo seu doe. Você evita até de olhar para as pessoas, porque olhar doe. Você não faz nada, porque qualquer coisa que fizer doe... e nessa hora você se dá conta que sua mente ainda está funcionando e só te ajuda a ficar pior, que te faz lembrar todos os momentos, cada um dos segundos, cada uma das palavras, cada sena que você viu, cada gemido de sofrimento que você ouviu, isso se intensifica de uma tal forma, que te revolta e te dar raiva de fazer parte disso, de ter essa dor, de terem feito isso com você, de terem te causado uma drogaaa de dor, que é além do que você pode suportar... nessa hora, nessa hora se está mais morta do que viva, exausta! Nessa “nóia”, nessa guerra interna você chega ao ponto de extremo, onde até precisa de medicamentos, de se carregada de SOCORRO: -“Me ajuda a viver? Não consigo mais, porque tá doendo até respirar!”
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Você ainda está respirando e está acordada! Nunca ficou tão mal arrumada, descabelada, nunca foi tão maltratada! Não que ver e falar com ninguém e grita: - “Dá pra respeitar a minha dor?”
Depois dá raiva, de tudo e de todos, o melhor lugar para estar é como o que restou, com a dor... na caverna, na toca, no lugar que ninguém vai tirar ela de você, por que você acha que é a única coisa que restou, você e a sua dor!
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Silêncio!
Doe ouvir!
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E esses pensamentos que não para de gritar dentro de mim?! QUE RAIVAAA!!
Que raiva dessa dor, que raiva de ter perdido, raiva de não ter mais, raiva de tudo e raiva de nada! Que raiva!
Em seguida da raiva, vem à indignação. Você fica indignada: - “Porque? Porque? Porque? Porque agora? Porque justamente na hora que estava quase chegando?” - E você às vezes nem sabe onde estava chegando de tão perdida que está!
Nossa como você se enxerga perdida... vazia...
Vazio de não ter nada que supra, que preencha, é uma ausência, uma coisa estranha que você aperta o peito tentando ajuntar para aproximar os ossos, os músculos para preencher o vazio que é além das suas possibilidades, da sua capacidade!
Daí se fica assim vazia por um tempo... vai se esvaziando os pensamentos, as palavras ,que já eram ausentes, também as forças, as atitudes... tudo! E depois de um tempo vazia você mecanicamente começa a fazer alguma coisa, de tanto tentarem te ajudar... alguma coisa, mas vazia, mecanicamente, sem pensar... E vazia vai vivendo... porque o que você mais precisa não é de ajuda é de ressuscitar!